
Quem dera houvesse mágica...Para perder peso de forma eficiente e saudável, é preciso começar pela cabeça: estudos indicam que fatores psicológicos trabalham contra as dietas de privação alimentar e as tornam ineficazes |
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No Dia Internacional da Mulher, uma amiga me mandou uma charge com uma frase que dizia mais ou menos assim: “Pensam que a gente quer um príncipe encantado? Que nada, o sonho de consumo feminino é se empanturrar de todas as coisas gostosas do mundo e não engordar sequer um grama”. Brincadeira? Claro, mas como nos ensinou Freud, os chistes revelam crenças e desejos. Confesso que tenho dificuldade em pensar em pessoas que conheço que não queiram perder uns dois ou três quilos. Talvez cinco ou até um pouco mais. E que atire a primeira barra de cereal quem nunca recorreu (ou pelo menos planejou aderir) a alguma dieta detox, Dunkan, da proteína, do limão, da sopa, do abacaxi, da lua e tantas outras.
O fato é que, de forma geral, gastamos muito tempo pensando em comida – e, não raro, comemos mal. A crise de obesidade no mundo é um indício dessa dificuldade. A Organização Mundial da Saúde identifica no ganho de peso um dos maiores problemas de saúde pública do planeta e faz uma projeção preocupante: em 2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos devem estar com sobrepeso e mais de 700 milhões serão obesos. O número de crianças com sobrepeso e obesidade no mundo poderia chegar a 75 milhões, caso nada seja feito. Segundo informações da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), no Brasil, o problema vem crescendo cada vez mais e alguns levantamentos apontam que mais de 50% da população está acima do peso.
Claro que em alguns casos a distorção da própria imagem, a excessiva preocupação em atender expectativas que acreditamos que os outros tenham sobre nós e a ilusão, um tanto ingênua, de que se formos magros seremos automaticamente mais felizes favorecem a escola de regimes baseados em privação ou centrados numa vigilância constante das calorias. O grande problema é que esse tipo de dieta não costuma ser eficiente – pelo menos não por muito tempo. A psicóloga Charlotte Markey, professora da Universidade Rutgers-Camden, que há mais de 15 anos desenvolve pesquisas sobre alimentação, diz em seu artigo que fatores psicológicos trabalham contra as dietas e as tornam ineficazes.
O que fazer então? Comece pela cabeça, afirma a especialista: quando estamos insatisfeitos conosco temos mais dificuldade para perder peso. Iniciar um processo psicoterápico, por exemplo, pode ser fundamental para emagrecer. Pressa também é inimiga dos bons resultados: quilos que vão rápido demais tendem a voltar na mesma velocidade – ou pior: acompanhados de mais quilos ainda. Já as pequenas alterações na rotina alimentar são bem-vindas: beber menos álcool, substituir refrigerantes por água e reduzir porções podem ser bons começos. “A abordagem lenta e progressiva permite ajustar uma nova rotina ao próprio ritmo, sem o esforço intenso e a recusa tipicamente exigida pelos regimes”, ensina a autora. O óbvio sobressai: não há mesmo dietas ou medicamentos mágicos. O que nos resta? Emagrecer de forma cuidadosa, consciente e saudável. Boa leitura!
Este artigo foi publicado originalmente na edição de abril de Mente e Cérebro, disponível na Loja Segmento: http://bit.ly/1WusOOZ